A procissão em homenagem a São Miguel Arcanjo vem sendo realizada anualmente desde 1966, sempre no mês de setembro, no sábado próximo ao dia 29, dia de comemoração do santo. É organizada por um grupo de religiosos umbandistas pertencentes ao Centro Espírita São Miguel Arcanjo - CESMA, reconhecido como patrimônio cultural e imaterial do Município de Magé, região metropolitana do Rio de Janeiro. Os fiéis ao chegar reverenciam o andor com a imagem do Santo e se reúnem nas dependências do centro espírita antes do início da procissão. Na cozinha a refeição servida no dia da procissão é composta por uma sopa de carnes com legumes que é servida a todos os participantes. Durante o evento reúnem-se centenas de pessoas, entre os filhos, netos e bisnetos de santo do líder religioso, todos pertencentes ao conjunto de terreiros associados ao CESMA, podendo ser considerada a maior procissão umbandista dentro do Estado do Rio de Janeiro.
A programação de atividades do terreiro é ampla e diversificada, mas a procissão é o evento de maior representatividade tanto para o “povo de santo” como para a cidade, reunindo centenas de adeptos religiosos de todos os terreiros “associados” no país e mobilizando uma quantidade expressiva de pessoas da cidade, que vão para a rua assisti-la. Estima-se que o número total de participantes ultrapasse a mil e quinhentas pessoas.
Com as vestimentas próprias do culto e com as “guias” (colares) de suas entidades, os fiéis umbandistas saem às ruas carregando o andor com o Santo Padroeiro. Cada centro espírita vem representado por bandeiras, com emblemas e insígnias específicas, carregadas pelos líderes religiosos de cada terreiro associado. Os demais adeptos levam nas mãos um suporte, chamado de “lanterna” (archote), com uma vela acesa dentro.
A procissão percorre grande parte do município, incluindo a quase totalidade da região central da cidade, com saída e retorno no próprio terreiro. Durante a procissão os fiéis cantam alternadamente músicas em homenagem a São Miguel Arcanjo e o Hino da Umbanda. Nas ruas por onde a procissão passa, as pessoas aguardam em seus portões, janelas ou terraços sempre com velas acesas e copos de água.
A procissão que foi realizada pela 58ª vez neste ano (2024) amplia-se e ganha cada vez mais expressão regional e parece alcançar, com o passar dos anos, uma importância cada vez mais significativa para os rumos desta tradição religiosa no Estado do Rio de Janeiro, transformando-se numa espécie de eixo em torno do qual a religião tem se estruturado, crescido e adquirido reconhecimento institucional. É como se a Umbanda voltada para si de repente se abrisse para a comunidade, reivindicando possuir, ela própria, as condições necessárias para acolher a devoção popular.
E a crescente importância adquirida pela Umbanda através da procissão acaba configurando esta última como um evento ao mesmo tempo religioso e social, já que faz parte não somente do calendário religioso do conjunto dos terreiros, mas também da cidade, que fica bastante receptiva à sua passagem.
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